segunda-feira, 24 de maio de 2010

Menos... e menos.

Uma grande curiosidade que nós seres humanos temos, é saber como as outras pessoas nos enxergam. Como nossas manias são vistas por olhos de quem está de fora, nosso jeito de falar, de andar, de gesticular... e qual é afinal a identidade que cada um carrega? Nós já fomos tantas coisas no decorrer dos anos, já fomos seres miúdos, sem conteúdo, sem história... depois de alguns anos adquirimos personalidade, gostos, experiências... e hoje? Qual é a obra inacabada? Eu posso dizer que eu sou os meus amigos, eu sou cada um deles, porque se não fossem do meu agrado, não seriam meus amigos. Eu estou neles. Eu sou a conversa fiada numa tarde sentada na praça. Sou a alegria de estar com eles numa mesa de bar. Eu sou a gargalhada escandalosa. Eu sou os livros que eu leio e guardo como se fossem filhos, porque existem alguns livros, e Os livros. E em cada página foi roubada um pouco pra eu ser o que eu sou. Sou Caio Fernando, Martha Medeiros, Tati Bernardi. Eu sou as músicas que eu escuto, eu sou o tempo da bateria, o solo da guitarra e a melodia do piano. Sou minha voz desafinada. Eu sou o que eu estudo e amo, sou Freud, Bandura e Piaget. Eu sou a minha rotina. Eu sou o meu quarto, meus gatos, minha parede. Sou meus traumas, meus medos, minhas neuroses e psicoses. Sou até a minha calça jeans larga e meu all star que insisti em ser sujo. Sou ainda crua nas minhas decepções, minha vergonha e minhas saudades. Sou nua mas sou escondida. Tanta coisa pra dentro. Tanto eu guardado. Mas, o mais essencial que eu tenho pra mostrar, estão nessas coisas todas. Esse é o meu eu que eu posso oferecer. Quer me conhecer? Compartilhe dessas coisas comigo. Vem pro meu mundo, conheça esse lado tão meu, tão particular. Ninguém está completamente com o outro se recusando a penetrar nessas diferenças, se recusando a tocar e olhar pra nossas partes distribuídas em tantas outras coisas. Ninguém nunca vai me conhecer, sem saber o porquê do meu sorriso largo quando um amigo que mora longe está por perto, porquê Caio Fernando me faz chorar e porquê meus dedos têm afinidade com as teclas do piano ou porquê dançar desajeitadamente me alegra. Não queira amar o que eu sou superficialmente, invada meu mundo, guarda no armário esses seus temores - se assim pode ser chamado a coisa que te afasta - se deixe levar. Eu tenho tanta curiosidade pelo não palpável, pelo oculto e foge da minha compreensão um amor que consegue existir pelo o que não se conhece. Eu sinto falta de apresentar cada pedacinho de mim. Eu cansei de não ter com quem compartilhar o meu dia, a minha semana, minhas alegrias individuais... sinto falta de um olhar empolgado com a minha descrição besta da manhã, sobre como o moço da cantina sabe como eu amo o croissant de chocolate, em como a aula de teatro foi incrível e como eu chorei com o exercício. E falar com paredes, com bancos de carro ou em um blog não sacia essa minha falta. Ausência. Já escrevi certa vez aqui, não sei viver uma vida só pra mim. Já guardo coisas demais. E viver assim pra dentro, só me afasta. Me afasta, esfria, desmonta. E eu tenho sido cada vez menos... e menos.


















Onde me achar?
No orkut.
No FormSpring.
ou ainda no Twitter.

4 comentários:

Anônimo disse...

interessante sa forma que vc descreveu seu silêncio. Viva cada pedacinho de vc!
Giu.

Thay disse...

Aaa Xuuzu,Não deixa ninguem dizer se vc pode, ou q devo ou não escrever.
acabei de crer que é isso q incomoda.
a gente poder e saber gritar nessas páginas. coisa que eles não sabem. =)
CADA DIA MELHOR

Anônimo disse...

'Sou nua mas sou escondida. Tanta coisa pra dentro. Tanto eu guardado'
quando eu leio o seu blog eu sempre me arrependo de não ter lido mais antes. hahaha, cada dia melhor mesmo!*:

A.M.A disse...

ete texto confirma o que eu já sabia... voce é linda, em casa coisinha, em cada pedacinho que seja :)