segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Vibrações

É assim que ela me chega, de repente, quando abro a porta da geladeira, ao mudar o canal da televisão, quando saio ou chego da rua, simplesmente chega sem pedir licença, e ocupa um espaço que não existia, o que antes era sólido, pesado hoje já não é mais, é vazio e quando me chega posso sentir seu barulho, sua vibração. Uma vibração que me confundi, que me estremece e me assusta. Por que diabos as coisas são tão inconstantes? Essa sensação que me pega desprevenida tem levado com ela toda a calmaria e plenitude, me sinto incompleta, incapaz e limitada. Queria sair por aí, sumir, voltar, voar pra longe, estar mais perto, mas os meus pés permanecem presos demais ao chão, não me movo, e ela me chega mais uma vez... e eu nada faço.

" Como se eu estivesse por fora do movimento da vida. A vida rolando por aí feito roda-gigante, com todo mundo dentro, e eu aqui parada, pateta, sentada no bar. Sem fazer nada, como se tivesse desaprendido a linguagem dos outros. A linguagem que eles usam para se comunicar quando rodam assim e assim por diante nessa roda-gigante. Você tem um passe para a roda-gigante, uma senha, um código, sei lá. Você fala qualquer coisa tipo bá, por exemplo, então o cara deixa você entrar, sentar e rodar junto com os outros. Mas eu fico sempre do lado de fora. Aqui parada, sem saber a palavra certa, sem conseguir adivinhar. Olhando de fora, a cara cheia, louca de vontade de estar lá, rodando junto com eles nessa roda idiota - tá me entendendo, garotão? " [ Caio Fernando Abreu ]

Um comentário:

A.M.A disse...

Que texto foda! Era desse que você tava falando hoje de manhã? :)
Beijos