quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Uma rua, mas sem saída.

Ontem antes de dormir, terminei de ler " morangos mofados " do Caio Fernando Abreu, e o livro termina com uma carta do Caio a um amigo. Guardei o livro e deitei pra dormir, e então me vieram na cabeça todas as coisas que eu já quis escrever um dia e desisti, tudo o que eu tinha pra dizer e não disse. Por muito pouco não levantei da cama, religuei o computador e as escrevi aqui. Escreveria muita coisa, as quais talvez nem fossem entendidas, mas que continuam aparecendo toda vez que eu termino um dia e tento dormir.
Lembro que pensei em uma rua sem saída, mas não uma rua pequena. Mas sim uma rua que você precisa andar muito pra perceber que não há nada além de um muro. Lembrei que andei por aquela rua na esperança de encontrar uma maneira de ultrapassar aquele muro, tinha esperança sim, apesar de saber que seria em vão toda essa caminhada. E foi.
Me via ainda parada, olhando pro caminho de volta, com uma preguiça danada de voltar, um desgosto em assumir que falhei. Eu não queria olhar pra trás, queria ultrapassar o muro, encontrar o que ninguém nunca encontrou antes, eu sei que existe muito mais ali, existe sim.
E então, apareceram pessoas gritando o meu nome, ouvi um pouco baixo lá do final da rua, mas eram vozes que eu reconhecia, e eu voltei. Eu andei todo o caminho de volta com o coração apertado, os olhos ardendo, mas voltei. E sorri quando reconheci aqueles rostos. Sorri quando eles me abraçaram e falaram " Pra quê perder tempo com uma rua tão fria e sem saída? Por aqui é tão mais bonito! ". Conheci um caminho realmente mais bonito, mais alegre e quente. Mas sinto saudade de olhar pra rua do muro, a rua sem saída. Saudade de esperar e imaginar como seria além daquela parede de tijolos.
A última image
m que eu tenho na minha mente é a das suas costas, indo embora... não indo embora de mim, mas indo de volta pro seu mundo. De alguma maneira você consegue ultrapassar aquele muro, e ali ninguém mais te alcança, ninguém te vê e sente. Uma pena.
Eu to tentando seguir pelo meu caminho, sem olhar pra trás e pro lados, sem querer enxergar você, sem querer saber de você, não mais estar parada diante da tua rua sem saída, sem mais curiosidades. Apenas com saudade. Saudade que vai passar, morrer, virar história engraçada pra contar por aí.


" Pensando bem, eu acho que mereço ter chegado até aqui. Aqui, onde é sol, aqui, onde eu falo sem medo, aqui, onde meu pensamento vai, vai e vai, mas sempre volta. Pensando bem, a vida vai mesmo ser cheia de perguntas, e eu vou ser sempre mesmo um déficit de respostas. Mas quer saber? Não teria graça se não tivesse lágrima e a vida ia ser muito chata não fossem os desafios. Como já cantou aquele cara da voz macia numa música: ' É uma pena sempre olhar para trás, você deveria estar olhando direto pra frente.' , e ele tem razão"



[ Rani Ghazzaoui ]

3 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Como dizia a minha avó "É pra frente que se anda". Por mais que que tenha uma força nos puxando pra outro lado, o caminho certo é pra frente e do lado dos nos querem bem. A gente sempre merece melhor, não dá pra esquecer disso.

Cara, tá escrevendo bem. Gostei do post =)
Tá liiindo, ahushuaushausuahusas.

Boba que eu amo ♥
@GabbyPaiva

alanMR disse...

Pois é, Xuzy, eu conheço pela sua cabeça essa parede de forma suficiente para saber que ela é indestrutível, mas eu fico contente por ter tido alguém que chegasse e te puxasse pelo braço para um caminho mais bonito.
Mas tem duas coisas que eu quero que você leve ao seu coração:
1). Se um dia esse caminho se revelar como sendo uma mera ilusão, ou se ele apodrecer, não hesite em procurar uma nova rota para a felicidade.
2). Saiba que é nas estradas de chão que crescem as flores mais bonitas e as árvores de acostamento mais frutíferas.

Muita paz e muito amor em sua vida, sua Queen Xuzupita.