terça-feira, 27 de abril de 2010

Não queria abrir as janelas, não queria deixar a luz do sol entrar. Não queria enxergar que a vida lá fora continuava. Não queria que a vissem, sua imagem era feia, pálida, e nem de longe lembrava aquela coisa boa que já foi um dia. Dormiu e acordou pensando que já não era mais possível viver de brincadeiras, que seria atropelada se continuasse achando graça de tudo. Acabou o tempo. Cresceu e não percebeu. Todas as atitudes sem pensar a fizeram cair, doeu e hoje ela sabe que não é mais uma menina, que os dias a estão empurrando pra um futuro inevitável. Ir embora, aprender a andar sozinha... com medo, muito medo de continuar perdida, de não ter chão firme, de mais uma vez perder o foco. Continuar se arrependendo dos próprios erros, continuar acordando com o peso de ter feito tudo errado, continuar sem fé, só com a esperança de que pode ser melhor. Uma esperança que nasce junto da vontade de ir pra longe, pro novo, pro desconhecido. Sua mudança agora era tocável.



















"Ô minha filha, as suas dores não são as maiores do mundo e nem vão ser. Sacode a poeira. Toma um banho de rio. Abre essas asas. Grita alto, chora baixo. Pula alto e cai de cara. Desenha toda a beleza do mundo. Compra uma caixa de lápis de cor e sai aí colorindo a vida."
(Tati Bernardi)

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